42! Se você já leu o Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams, vai entender por que começamos com esse número. Para o autor, esse número é a resposta a todas as questões fundamentais da vida, do universo e tudo o mais. E este número especial de Química Nova na Escola é formado por 42 artigos. Pronto. Já podemos parar de escrever o Editorial. Todas as respostas aos problemas do ensino de Química foram respondidas neste número especial. Acabou! A coincidência é algo tão interessante que nunca pode ser mera... Qual nada! O lúdico é um caminho, mas, que nos perdoe Adams, não o único e não traz todas as respostas. Bem que poderia, pois, convenhamos, seria mais lúdico. Mas, o mais importante está no fato de que este número especial foi além do que esperávamos. Dezenas de manuscritos submetidos por autores de todo o Brasil e, por consequência, um volume de trabalho também enorme por parte dos editores de QNEsc na perspectiva de buscar avaliadores que pudessem, de fato, contribuir com os trabalhos submetidos. Acho que Douglas Adams não esperava por isso. Mas, Química Nova na Escola foi atrás, não das respostas da vida, mas de fazer com que este número ao menos respondesse um cantinho ínfimo das questões que povoam o universo do ensino de Química. O lúdico em ensino de Química é uma área relativamente nova. Os primeiros trabalhos não esparsos, que começaram a considerar um referencial teórico, metodológico ou de ensino e aprendizagem, despontaram em meados do ano 2000. A partir daí, houve um crescimento vertiginoso, o que levou ao aumento do número de trabalhos em eventos, artigos em revistas (muitos deles em QNEsc), criação de um evento específico para a área (JALEQUIM) e uma revista especializada na temática (Ludus Scientiae). Atualmente, há mestres e doutores sendo formados nessa perspectiva em vários programas de pós-graduação brasileiros e – o que é mais interessante – em diferentes áreas do conhecimento, que vão desde a Química até a Sociologia e a Filosofia. Poderíamos dizer que o lúdico no ensino de Química é, atualmente, uma subárea do ensino de Química, quando consideramos que o principal evento brasileiro da área (ENEQ) já considera o lúdico como um tópico de submissão de trabalhos. Ele está lá, de mãos dadas com a experimentação, que, como sabemos, pode ser lúdica (experimentos que nãosão lúdicos nem são legais...). Mais recentemente, para o ENADE da licenciatura em Química, o lúdico também consta como um tópico de avaliação da formação de professores no Brasil. Algo que poderia parecer impensável há duas décadas. O crescimento da área é importante. Quanto mais pesquisadores produzem sobre o lúdico, mais ela cresce e apresenta caminhos diferentes e outrora não pensados. É possível observar, e este número especial é reflexo disso, o quanto a área se encontra diversificada, seja em termos de temáticas de pesquisa, seja em termos de propostas de jogos ou, ainda, de conteúdos de Química. Há trabalhos que se constituem em relatos de experiência, muitos deles aplicados ao Ensino Médio, o que mostra uma melhor inserção dos jogos nas salas de aula desse nível educacional; e há também trabalhos de pesquisa, com metodologias sólidas e referenciais teóricos adequados, que apontam para uma necessária diversificação em termos de desenvolvimento da seara do lúdico no ensino de Química. São 18 os artigos de pesquisa deste número especial. Sete deles sobre formação de professores, tanto no que se refere a atividades lúdicas para licenciados, quanto discussões epistemológicas e curriculares, o que nos parece um caminho importante quando consideramos que o lúdico é uma temática do ENADE. Cinco apresentam discussões relacionadas ao RPG ou atividades similares na perspectiva da discussão da representação e simbologia dentro do jogo. Outros três artigos apresentam relações entre o jogo e a história da química, além da perspectiva do lúdico na contação de histórias – duas vertentes pouco exploradas na literatura e interessantes para serem discutidas pelos pesquisadores do lúdico. Enfim, como não poderia faltar, três artigos sobre jogos digitais e virtuais, explorando desde um estudo cienciométrico até a análise de um jogo de videogame. Quanto aos relatos de experiência, temos 24 artigos. Quatro deles sobre formação de professores e aplicações de jogos para estudantes de nível superior, novamente ratificando um direcionamento importante das pesquisas sobre o lúdico. Tivemos quatro artigos sobre educação ambiental, abrangendo temas como Química Verde e educação ambiental crítica. Outros cinco trabalhos consideram a atividade efetiva dos estudantes, por meio de estudo de caso, caça aotesouro, esquetes teatrais e dramatizações, diversificando o uso de cartas e tabuleiros, que são jogos analógicos presentes na cultura lúdica brasileira. Mais seis artigos abordam jogos virtuais e digitais. A série de relatos de experiência fecha esta edição com proposições de jogos analógicos de cartas e de tabuleiros para o ensino de diversos conceitos químicos na Educação Básica, propostas tradicionais na área e não menos importantes. Tanto no que se refere a pesquisas, quanto a relatos de experiência, este número é rico em temáticas e conteúdos. Foram explorados temas como a Tabela Periódica, que é um conteúdo campeão em todos estes anos de ludicidade no Brasil e parece imortal e inesgotável, ácidos e bases, radioatividade, divulgação científica, energia, separação de misturas, nutrientes, segurança no laboratório, poluição,intoxicação, mulheres na Ciência, relações étnico-raciais e de gênero, inclusão, entre outras várias interrelações. O lúdico no ensino de Química pode ser um caminho, sendo aberto e trilhado por vários pesquisadores e pesquisadoras. Mas, pode também ser um estado, no qual pesquisadores(as) de outras searas se aventuram com alguns trabalhos. Caminho ou estado, é melhor você ler os artigos desse número. Vai que alguém descobre para que serve o universo e ele desaparece, como diria Adams. Daí, você pode não ter lido esse número. Melhor não perder. E não se esqueça de sua toalha! Boa leitura!
Márlon Herbert Flora Barbosa Soares Editor Convidado
Entre 26 de julho e 11 de agosto aconteceu em Paris, França, mais uma edição dos Jogos Olímpicos. A cerimônia de abertura, realizada no coração da cidade, forneceu os primeiros indícios do caráter inovador do evento. Dentro e fora das arenas, os Jogos Olímpicos retrataram o momento em que vivemos, com a disseminação do uso da Inteligência Artificial e de inovações no monitoramento dos atletas, por exemplo. Momento, por outro lado, também permeado de tensões geopolíticas, que levaram às ruas da cidade manifestações vinculadas às guerras entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza, e entre Rússia e Ucrânia. Nesse contexto, não há esperança de respeito à Trégua Olímpica, que remonta aos Jogos da Grécia Antiga, e que prevê a interrupção dos conflitos armados sete dias antes e sete dias após a sua realização; mas é seguro o desencadeamento de um turbilhão de emoções para atletas e torcedores no mundo todo. Como não ficar encantado frente à emblemática fotografia do surfista Gabriel Medina parado no ar, com sua prancha ao lado, fazendo sinal com o dedo indicador erguido? Ou da imagem das ginastas estadunidenses reverenciando a medalhista de ouro Rebeca Andrade no pódio? Para os torcedores brasileiros, as Olimpíadas de Paris 2024 marcaram a consagração das mulheres atletas, que garantiram a maioria das medalhas obtidas pela equipe nacional. Merecem particular destaque as mulheres negras – como as campeãs individuais em suas modalidades, Beatriz Souza (judô) e Rebeca Andrade. Que esse desempenho sirva de inspiração para todos os grupos sociais historicamente discriminados, para prosseguir em sua luta para vencer os preconceitos. Outra lição que pode ser aprendida ao observar a trajetória do Brasil nos recentes Jogos Olímpicos: para alcançar e manter a excelência, são necessários investimentos e instituições formadoras que permaneçam no tempo, com profissionais capacitados e instalações adequadas. Assim o Brasil se tornou uma das potências no judô e vem obtendo resultados cada vez melhores na ginástica artística. Essa “receita” de sucesso no esporte de alto rendimento vale também para as Universidades e Institutos de Pesquisa – que, se receberem a devida atenção na forma de políticas públicas duradouras, produzirão resultados tão brilhantes para o país quanto o ouro das medalhas olímpicas. Esta edição de Química Nova na Escola saúda os esforços e sucessos dos atletas brasileiros e, assim como eles, procura oferecer o melhor de si, apresentando as seguintes seções: Espaço Aberto, Relatos de Sala de Aula, Ensino de Química em Foco e Cadernos de Pesquisa. Os dois artigos presentes na seção Espaço Aberto estão perfeitamente alinhados com o seu propósito de divulgar “temas que igualmente se situam dentro da área de interesse dos educadores em Química, de forma a incorporar a diversidade temática existente hoje na pesquisa e na prática pedagógica da área de ensino de Química, bem como desenvolver a interface com a pesquisa educacional mais geral”. Com efeito, no artigo “A educação para as relações étnico-raciais no ensino e na formação de docentes de Química: implicações do campo de estudos sobre a branquitude”, os autores discutem aspectos muito atuais relativos a questões étnico-raciais na Educação. É relatada a abordagem da temática da branquitude no Ensino de Química, no contexto de uma componente curricular que contempla a História e Filosofia da Química no Ensino de Química, e é destacada a relevância da articulação do campo de estudos sobre branquitude ao ensino e à formação de docentes de Química. O artigo “Poesia ‘comciência’: uma gota, o tempo, um químico ‘invisível’ e um Machado”, por sua vez, amplia a discussão sobre os poemas na Educação em Ciências, com destaque para a Educação em Química. Para tanto, os autores realizam a análise linguística e estética de duas produções poéticas, A gota e O tempo, e tecem considerações sobre o uso de poemas como alternativa para o delineamento de atividades didáticas. As seções Relatos de Sala de Aula e Ensino de Química em Foco abordam três ações levadas a cabo durante a pandemia de covid-19. A primeira, relatada no artigo “Oficinas temáticas desenvolvidas online: potencialidades para o ensino de Química”, traz reflexões e discussões sobre soluções propostas por licenciandos em Química, no âmbito do Programa de Residência Pedagógica (PRP), com base na realização de oficinas temáticas oferecidas no contexto de um ensino remoto emergencial de qualidade para os estudantes da Educação Básica. A segunda, reportada no artigo “Atitudes e intencionalidades com um jogo educativo formalizado: reflexões sobre a ação de umprograma de formação do professor de Química”, também ocorre no contexto do PRP, e se fundamenta em reflexões de professores supervisores do Programa e de uma licencianda. A terceira ação, descrita no artigo “Infográfico Dinâmico: recurso técnico e semiótico para sistematização de conceitos científicos em um curso de formação de professores”, trata de um curso de formação de professores de Ciências Exatas e Naturais da Educação Básica, promovido pelo Centro de Ensino Integrado de Química, do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. A seção Cadernos de Pesquisa traz dois artigos: o primeiro, de caráter bibliográfico, tem como título “Cinética química – um olhar sobre a literatura entre 1983 e 2021” e traça um panorama sobre as pesquisas e propostas didáticas que abordam o ensino de cinética química, fazendo uso do software IRAMUTEQ para análise dos dados coletados. Osegundo artigo, intitulado “Uma proposta de instrumento para avaliação de perfis epistemológicos de densidade com teste em três camadas”, traz em seu bojo o propósito de contribuir para a superação de um dos desafios da pesquisa na área de Ensino de Química, que se relaciona com a construção de ferramentas metodológicas capazes de acessar e avaliar os objetos de estudo. Desejamos uma ótima leitura a todos!
Paulo Alves Porto Instituto de Química, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo-SP, Brasil
Salete Linhares Queiroz Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo (USP), São Carlos-SP, Brasil
No último mês de março, o Conselho Nacional de Educação aprovou o Parecer 4/2024 e um Projeto de Resolução (aguardando homologação pelo Ministro da Educação) que “define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial em Nível Superior de Profissionais do Magistério da Educação Escolar Básica (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados não licenciados e cursos de segunda licenciatura)”. O maior mérito do texto talvez seja a revogação da Resolução CNE/ CP no. 2, de 20 de dezembro de 2019 – uma das infaustas heranças do período sombrio vivido pelo país entre 2019 e 2022, e que concebia o professor como um mero técnico encarregado de executar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) nas escolas. Dentre os aspectos positivos do novo Projeto de Resolução, estão as referências explícitas, espalhadas pelo texto, aos direitos humanos, “respeito e apreço à diversidade”, relações étnico-raciais, atuação das mulheres na sociedade, que são pontos fundamentais neste momento em que parcela significativa da população brasileira tem abraçado valores obscurantistas e antidemocráticos. O texto menciona ainda que a formação de profissionais do magistério deve contribuir para a consolidação de uma nação “laica”, acréscimo necessário quando se observa que determinados grupos têm manifestado a intenção de alcançar o poder para implantar uma teocracia no país. Outro aspecto que apresenta potencial para beneficiar a educação brasileira é o aumento da exigência de carga horária para os cursos de segunda licenciatura e para graduados não licenciados, bem como a explicitação das cargas horárias presenciais exigidas para os cursos de licenciatura à distância. Em que pesem os pontos positivos, remanescem ambiguidades no texto. O Projeto de Resolução resgata partes importantes da Resolução 2/2015, cuja restauração foi defendida por diversas entidades representantes de profissionais da Educação. Porém, conteúdos relevantes daquela Resolução foram omitidos. Contraditoriamente, o Projeto de Resolução afirma que a “formação inicial... possui articulação intrínseca e indissociável... às políticas de formação continuada”, mas exclui toda a regulamentação da formação continuada que estava presente na Resolução 2/2015. Outra ausência sentida em relação ao texto de 2015 é do capítulo que tratava da valorização dos profissionais do magistério. O Projeto de Resolução enfatiza a necessidade de articulação da teoria com a prática, ressaltando o papel dos estágios supervisionados e das atividades de extensão, e conciliando a regulamentação destas últimas com o disposto em outro marco legal recente, a Resolução CNE/CES no. 7, de 18/12/2018 (Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira). O Parecer que antecede o Projeto de Resolução manifesta preocupação com o crescimento da participação da modalidade à distância entre os cursos de formação de professores e professoras, e o texto mantém a recomendação de que essa formação “será ofertada, preferencialmente, de forma presencial” (grifo nosso). Ainda que o Projeto de Resolução aumente a exigência de atividades presenciais para a modalidade à distância, resta saber se isso será suficiente para garantir a qualidade dos cursos. Diversos assuntos que interessam aos formadores de professores/as de Química, relacionados a questões contempladas pelo referido Projeto de Resolução, encontram-se presentes de alguma forma neste número de Química Nova na Escola. Reflexões sobre o desenvolvimento de abordagens inovadoras para formação inicial de professores/as de Química levaram ao desenvolvimento do trabalho descrito no artigo “Elementos do Ensino por Investigação em atividades elaboradas por licenciandos em Química”. Formadores preocupados em encontrar maneiras de concretizar a curricularização das atividades de extensão poderão se inspirar no projeto de divulgação científica apresentado e analisado no artigo “Motivation to learn through interactive lectures: a chemistry research popularization”, da seção Cadernos de Pesquisa. Se a formação continuada de professores/as está ausente do novo Projeto de Resolução, QNEsc mais uma vez oferece variados subsídios para contribuir com ela. Os autores de “Construção de uma casa sustentável: explorando desenvolvimento de projetos e abordagem STEM no novo Ensino Médio” explicitamente manifestam sua intenção de fornecer apoio a professores/as diante das demandas da atualidade, e descrevem uma atividade inovadora realizada com estudantes do Ensino Médio. A preocupação em levar o tópico da sustentabilidade para as aulas de Química também aparece no artigo “Perfil Sustentável: um jogo didático para o desenvolvimento da temática biogás”, que promove reflexões muito úteis sobre a construção de um jogo didático e a adequação de seu conteúdo. Outra temática desafiadora para professores/as de Química são as questões étnico-raciais, que até recentemente eram negligenciadas na formação inicial; nesse sentido, o artigo “A química do vinho no Egito Antigo: a Lei 10.639/03 no ensino remoto” oferece possibilidades para abordar conhecimentos produzidos por povos originários da África no contexto da Química. A preocupação em proporcionar informação de qualidade a professores/as em exercício é constante nas páginas de QNEsc, e a seção Atualidades em Química tem cumprido o papel de mantê-los/as inteirados/as de conteúdos correntes. Nesta edição, o artigo “A nucleossíntese estelar e os elementos químicos essenciais para a vida” trata de assuntos que abrem oportunidades para abordagens interdisciplinares com os/as estudantes. Ainda nessa perspectiva de construir diálogos entre diferentes disciplinas, um possível caminho é apresentado pelos autores de “Modelos moleculares alternativos: uma proposta econômica e interdisciplinar para o ensino de Química e Matemática”. Como o/a leitor/a terá oportunidade de verificar nas próximas páginas, quaisquer que sejam as tendências a balizar a formação inicial e continuada de professores/as de Química, estes/as encontrarão em QNEsc apoio permanente. Que esta edição seja muito proveitosa a todo nosso público leitor!
Paulo Alves Porto Instituto de Química, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo-SP, Brasil
Salete Linhares Queiroz Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo (USP), São Carlos-SP, Brasil
O desempenho em matemática, leitura e ciências de estudantes de quinze anos de 38 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e de outros que a ela não pertencem, é avaliado a cada três anos pelo Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). A edição mais recente estava programada para ocorrer em 2021, mas foi adiada em um ano devido ao período pandêmico e veio a acontecer em 2022. No dia 5 de dezembro do ano que findou, o resultado do Pisa 2022 foi divulgado, considerando a participação de cerca de 690.000 estudantes de 81 países – dentre os quais o Brasil, onde a prova foi realizada por 10.798 estudantes, matriculados em 599 escolas. Desafortunadamente, e com o mesmo tom observado nas edições anteriores, os jornais reportaram o fato exibindo manchetes como as que seguem: “Brasil no Pisa revela que desempenho que era tão ruim não podia piorar”, “Pisa: desempenho de alunos brasileiros fica abaixo da média mundial”, “Resultados do Pisa reforçam gargalo no ensino de matemática no Brasil”. A análise dos dados só reforça a necessidade de novos rumos para a educação básica, tornando evidente o posicionamento precário do Brasil em comparação aos países da OCDE, com o desempenho médio significativamente inferior nos três domínios avaliados. Em relação aos países da América Latina, o Brasil tem resultados equiparáveis a Colômbia e Argentina. Um olhar para as 27 unidades federativas demonstra ainda resultados díspares, com o desempenho médio das Regiões Sul e Sudeste significativamente superior ao nacional em matemática, leitura e ciências. As estratégias a adotar para que passemos a trilhar um caminho que conduza à excelência neste campo são múltiplas e abarcam desde políticas públicas perenes e robustas até a superação de uma série de dificuldades impostas ao Ministério da Educação (MEC) no governo anterior, quando uma catastrófica gestão foi levada a cabo. Esta edição de Química Nova na Escola apresenta aos leitores um conjunto de artigos capazes de contribuir com o delineamento de ações que, uma vez contempladas nas salas de aula, podem propiciar aos estudantes brasileiros o desenvolvimento de ideias próprias e de pensamento crítico, avaliados recorrentemente no Pisa. Neste número, a experimentação no ensino de química é abordada em dois artigos. Em “Uma proposta investigativa para a identificação de ácidos e bases no cotidiano”, os autores revisitam um experimento amplamente difundido, enunciado no título, e sugerem a sua execução a partir da proposição de um problema a ser solucionado por parte dos estudantes, que são instigados a formular hipóteses, comunicar e discutir os resultados alcançados. O artigo “Construção de extratores de óleos essenciais de baixo custo como recurso didático”, por sua vez, traz subsídios para a construção de um extrator experimental de óleos essenciais por arraste a vapor, acessível e de custo reduzido, com potencialidade para ser empregado em aulas práticas nas escolas. Também com o propósito de proporcionar a construção de artefato que encontra emprego em aulas dessa natureza, e preocupados com o gerenciamento dos resíduos químicos, os autores do artigo “Neutralizador alternativo de resíduos ácidos e básicos gerados em aulas experimentais” abordam, na seção Espaço Aberto, um protótipo de neutralizador, elaborado com materiais de baixo custo, para a destinação adequada de tais resíduos. A seção Cadernos de Pesquisa traz um primeiro artigo de caráter teórico e um segundo, de natureza investigativa, pautado em dados coletados de forma remota. O artigo “Autores clássicos e contemporâneos do lúdico: aspectos teóricos e epistemológicos e suas contribuições para o ensino de química” lança luzes sobre a discussão, cada vez mais recorrente, a respeito do uso de jogos em ambientes de ensino, colocando em destaque termos que são estritamente vinculados a essa temática. Os autores do texto “Representações multimodais em aulas remotas de ciências do sétimo ano do ensino fundamental” desenvolveram uma sequência de aulas oferecidas durante a recente pandemia, voltadas para o assunto “cosméticos”, com atenção especial às representações multimodais, tendo observado o desenvolvimento de habilidades representacionais dos estudantes, assim como o envolvimento com as atividades didáticas propostas. Com a atenção voltada para o mesmo período pandêmico, no artigo presente na seção Ensino de Química em Foco, “Análises de videoaulas de química do programa ‘Se Liga na Educação’”, os autores lançam mão da Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimídia para avaliar videoaulas disponibilizadas pelo estado de Minas Gerais. Por fim, a seção Conceitos Científicos em Destaque apresenta artigo intitulado “Radioatividade: entre o bem e o mal”, cujo objetivo é analisar como a temática radioatividade é representada na revista Veja, tomando por base conceitos de jornalismo científico. Que a leitura deste número seja proveitosa e aprazível a todos!
Há cerca de um ano, foi lançado o ChatGPT, que se popularizou e trouxe discussões sobre o uso da inteligência artificial em diversos ramos de atividades. Bem antes disso, em 2020, reportagem de Thiago Domenici para a agência de notícias Pública revelou que uma rede de instituições universitárias privadas utilizava um software de inteligência artificial para “corrigir” e atribuir notas a atividades textuais produzidas pelos alunos – sendo que os professores dessas instituições eram orientados a não compartilhar essa informação com os estudantes. iCom a facilidade de acesso atual a ferramentas online como o ChatGPT, se pode conceber a curiosa situação em que um aluno pede a um chatbot que escreva para ele um trabalho, que será então “corrigido” e avaliado por outra máquina de inteligência artificial. Nesse caso, em vez de a tecnologia servir como um intermediário para a negociação de significados entre seres humanos (alunos e professores), teremos um ser humano servindo como intermediário para levar informação de uma máquina a outra.
Embora esse cenário distópico ainda esteja distante da maioria das escolas, o acesso a internet vem aumentando no país: dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil apontam que, em 2023, 84% dos domicílios brasileiros têm conexão com a redeii. Apesar da existência de muitas desigualdades no que se refere a esse acesso, a tendência é que cada vez mais estudantes estejam conectados. Diferentes níveis de governo têm procurado levar a internet até as escolas, o que conduz a reflexões sobre quais usos estão sendo feitos dela. Nos EUA, por exemplo, há escolas públicas que atendem a populações menos favorecidas testando um chatbot de inteligência artificial (desenvolvido por uma ONG financiada por grandes corporações) cujo papel seria o de um “professor auxiliar”. De acordo com reportagem do New York Times, os resultados ainda são controversos, havendo relatos de que o chatbot forneceu respostas incorretas e também respostas diretas, que não davam espaço para os alunos formularem seus próprios raciocíniosiii. No Paraná, a Associação de Professores tem alertado para a obrigatoriedade do uso de diversas plataformas digitais imposto pelo governo daquele estado, ao mesmo tempo em que a contratação de professores por concurso público é reduzida. Alguns gestores públicos talvez tenham entre seus sonhos de “eficiência administrativa” a substituição de professores por plataformas ditas “educacionais”. Essas ferramentas, que aparentam ser o que existe de mais moderno, podem ser consideradas como versões atualizadas das “máquinas de ensinar” desenvolvidas pelo psicólogo estadunidense B. F. Skinner (1904-1990) na década de 1950iv – agora dotadas de grande sofisticação, mas sustentadas pelos mesmos pilares filosóficos. Está claro que as novas tecnologias vieram para ficar, e terão seu lugar em todos os níveis de ensino. Assim, caberá aos professores e formadores de professores aprender a lidar com elas e explorar todo seu imenso potencial educacional – não para a domesticação e controle das novas gerações, mas para que as tecnologias ajudem os jovens a compreender, criticar e transformar a realidade.
Convidamos os leitores e leitoras de Química Nova na Escola a se juntarem a esse esforço investigativo das potencialidades educacionais das novas tecnologias que surgem a cada dia, e que possamos ver relatos sobre essa temática em edições futuras. Um exemplo pode ser visto neste número: a seção Educação em Química e Multimídia traz um artigo que descreve o desenvolvimento de um software destinado ao ensino de química orgânica. Sabe-se que a visualização espacial de moléculas orgânicas pode ser desafiadora para muitos estudantes, e os recursos oferecidos pelas interfaces gráficas são importantes aliados para o ensino. Os detalhes sobre esse programa podem ser vistos em “Software SAE: um recurso multimídia alternativo para o ensino de substituições aromáticas eletrofílicas”. Outra tecnologia, que permite simular as cores percebidas por pessoas com daltonismo, auxiliou os autores do artigo “Uma representação acessível da Tabela Periódica para estudantes daltônicos” a desenvolverem um material didático voltado a pessoas com essa condição. O material didático resultante representa uma contribuição para nosso ideal de levar o conhecimento químico para todos. Esse ideal pode se manifestar de diferentes maneiras, seja pela inclusão de pessoas com deficiência no contexto escolar, seja extrapolando as fronteiras escolares em atividades de divulgação científica para jovens, em ambientes não formais. Uma experiência desse último tipo é analisada na seção Cadernos de Pesquisa, em artigo intitulado “The chemistry club as a space for promoting the scientific spirit”. Os participantes do referido “clube de química” demonstraram ter desenvolvido competências científicas ao longo de um semestre em que realizaram atividades investigativas de diversos tipos, de natureza teórica e experimental. A utilização de experimentos como recursos didáticos contextualizados e criativos, de modo a contribuir para o exercício de posturas ativas e críticas pelos estudantes, também está presente no artigo “Atividade Experimental Problematizada (AEP) e Educação Ambiental (EA): presença de metais pesados em aterros sanitários – uma proposta didática”. A aproximação entre a química e a educação ambiental oferece oportunidades para abordagens interdisciplinares – que também estão presentes em outro artigo, em registro bastante distinto. Aqui nos referimos ao artigo “O conto literário no ensino e na formação de professores de Química”, que investe na interface ciência-literatura, sugerindo a discussão de aspectos da natureza da ciência a partir de contos de Machado de Assis e Rachel de Queiroz. Somando-se a esse conjunto de contribuições que exploram aspectos tão diversos do ensino de química, o artigo “Concepções de problematização no ensino de química: uma análise nos trabalhos publicados no periódico Química Nova na Escola na última década” oferece importantes reflexões teóricas. Ao analisar a multifacetada apropriação do conceito de problematização por educadores em química, observa-se a viva influência do mestre Paulo Freire, e de outros pesquisadores inspirados por ele, sobre tantos autores que acreditam no potencial transformador da educação.
Desejamos a nosso público leitor uma jornada proveitosa por mais esta edição!
Paulo Alves Porto Salete Linhares Queiroz
Editores de QNEsc
Notas
i https://apublica.org/2020/04/laureate-usa-robos-no-lugar-de-professores-sem-que-alunos-saibam/. Acesso em nov. 2023.
ii https://cetic.br/media/analises/tic_domicilios_2023_coletiva_imprensa.pdf. Acesso em nov. 2023.
iii https://www.nytimes.com/2023/06/26/technology/newarkschools-khan-tutoring-ai.html. Acesso em nov. 2023.
iv https://www.youtube.com/watch?v=vmRmBgKQq20. Acesso em nov. 2023.
Amazônia: busca por caminhos para o desenvolvimento econômico sustentável
Neste mês de agosto dois eventos ocorridos em Belém do Pará colocaram a Amazônia em evidência: a Cúpula da Amazônia e a Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias. Dentre os participantes do primeiro estavam chefes de Estado e representantes dos oito países amazônicos: Brasil, Bolívia, Colômbia, Guiana, Equador, Peru, Suriname e Venezuela. O segundo, realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), contou com a presença de representantes do governo, da academia, da sociedade civil, dos povos da floresta e de lideranças que atuam em iniciativas relacionadas à Amazônia, aí incluídos Tony Blair, ex-primeiro-ministro do Reino Unido, e Ban Ki-moon, exsecretário-geral da ONU. A grandiosidade territorial da Amazônia, a exuberância de sua biodiversidade e riqueza de recursos naturais foram mais do que suficientes para atrair as atenções internacionais, especialmente no atual contexto mundial, no qual se tornam assustadoras as mudanças climáticas e os prejuízos que acarretam.
Durante os eventos, a riqueza do subsolo regional e seu grande potencial hídrico, dentre outros assuntos, como o desmatamento e o garimpo ilegal, geraram preocupação e desencadearam discussões e reflexões sobre a maneira como os valiosos recursos naturais locais podem ser aproveitados de forma sustentável. Notadamente, posturas mais ativas por parte do Estado e da sociedade civil, capazes de mudar a lógica predatória dominante na região, foram repetidamente apontadas como necessárias para o delineamento de um caminho que coloque a Amazônia na linha de frente da denominada economia verde, alavancando o desenvolvimento sustentável, o crescimento social e econômico. A reativação da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), de caráter intergovernamental, formada pelos países amazônicos, é uma iniciativa resultante da Cúpula da Amazônia que exemplifica postura dessa natureza, pois a Organização tem o compromisso de propor soluções e desenvolver ações que fomentem o desenvolvimento de iniciativas sociais, ambientais, econômicas e tecnológicas para a Amazônia.
Na expectativa de que a região amazônica seja explorada com critério e tratada de forma cuidadosa, Química Nova na Escola apresenta aos leitores mais uma edição. Neste número, a produção de materiais didáticos é abordada em três artigos. Em “Construção de modelo molecular a partir da reutilização de garrafas PET: propostas para o ensino de química”, os autores descrevem um procedimento detalhado que viabiliza a construção de um modelo molecular com dimensões adequadas para utilização em turmas médias e grandes, versátil o suficiente para permitir a abordagem de tópicos como grupos funcionais, análise conformacional e geometria molecular. A atenção é voltada para estudantes com deficiência visual em outro artigo, que relata a construção de um kit molecular no qual cada átomo é confeccionado com tamanhos e cores diferenciadas, com as devidas simbologias em braile, projetado para favorecer a abordagem de temas como estereoquímica e ligações químicas: “Kit molecular inclusivo para deficientes visuais no ensino de estruturas tridimensionais”. No artigo “Supernova: um jogo didático que aborda a tabela periódica e os elementos químicos utilizando a astronomia”, a construção de um jogo de respostas do tipo tabuleiro é apresentada ao leitor. O avançar dos jogadores em relação ao tabuleiro faz uma analogia aos estágios da existência de uma estrela, com destaque para o processo da síntese dos elementos no seu interior, relacionando o tema tabela periódica e elementos químicos com a astronomia.
A formação inicial e continuada de professores é colocada em pauta em três artigos, um deles na perspectiva da análise do Programa Residência Pedagógica e os demais no contexto da aplicação de atividades didáticas em Cursos de Licenciatura em Química. Os autores do artigo “Residência Pedagógica em Química: compreensões e perspectivas para a formação” investigaram as percepções de professores de Química sobre a participação no Programa e sobre as suas contribuições para a formação profissional, obtendo indicativo de aporte para a formação, principalmente, devido ao contato com novas estratégias didáticas. O artigo “Ensino de química orgânica a partir da temática óleos essenciais no combate ao mosquito Aedes aegypti” relata a aplicação de estratégia didática junto a licenciandos em Química, pautada na revisão de conteúdos de química orgânica, por meio da abordagem dos óleos essenciais como larvicidas naturais contra o mosquito Aedes aegypti. Também investigando um Curso de Licenciatura em Química, os autores do artigo “O papel da rememoração na construção de significados em uma aula experimental sobre titulação ácido-base” analisaram, fundamentados na Teoria da Rememoração, a construção de significados sobre o conteúdo ácido-base por alunos de graduação.
Os artigos que encerram este número, ambos presentes na seção Cadernos de Pesquisa, são intitulados “A interação de estudantes com vídeos do programa ‘Pense como um Corvo’: as formas de pensar da Ciência e a elaboração de previsões e hipóteses” e “O cotidiano em artigos da Química Nova na Escola: contribuições a partir da análise de redes”, e tratam, respectivamente, de assuntos que são constantemente apontados como relevantes para o ensino de Química: a construção de uma visão mais ampla do empreendimento científico e a abordagem de aspectos do cotidiano em salas de aula dessa disciplina.
Para a nossa tristeza, em maio a comunidade de educadores químicos despediu-se de Nicéa Quintino Amauro, docente da Universidade Federal de Uberlândia e ex-presidenta da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as, colaboradora assídua da QNEsc, que nos brindou com artigo sobre interações discursivas em sala de aula no número anterior a este da revista. As lutas de Nicéa contra o racismo e sexismo seguramente inspirarão a geração atual e as futuras.
Em março, o Ministério da Educação (MEC) abriu consulta pública para “avaliação e reestruturação da política nacional de Ensino Médio”. Entidades representativas de professores e alunos, bem como de pesquisadores da área de Educação, têm se manifestado, em geral, pela revogação da assim chamada “reforma” do Ensino Médio estabelecida pela Lei 13.415/17. Entretanto, a resistência a essa aspiração é grande. Do lado da administração pública, os secretários estaduais de Educação são contrários à revogação: argumentam que muito tempo e recursos já foram gastos para adaptar suas estruturas à “reforma”. Parecem ter assim muito zelo pela gestão pública; infelizmente, prevalecem modelos de gestão que priorizam o corte de despesas, pouco importando o impacto dessa “economia” sobre a qualidade da educação oferecida pelo poder público. E para um governo sem maioria no Congresso Nacional, será muito difícil resistir à pressão dos Governadores.
A “reforma” foi propalada por um discurso que agrada ao senso comum e parece sensato: oferecer um ensino de acordo com os interesses dos alunos e adequado ao mundo atual. Assim, o Ensino Médio seria mais atrativo, diminuindo a evasão. Os objetivos não declarados, porém, incluem naturalizar o discurso neoliberal, conformar os estudantes à precarização do trabalho e anular o pensamento crítico.
A “reforma”, proposta por medida provisória em 2016 antes de ser transformada em lei, foi formulada sem que houvesse ampla discussão na sociedade. Entre os efeitos de sua implantação a partir de 2022, tem se observado a redução da carga horária de disciplinas como química, sociologia e história, e a implantação de disciplinas para “incentivar o protagonismo do estudante”, que tratam, por exemplo, da produção de brigadeiros, formação de influencers ou como escrever currículos para pedir emprego. O oferecimento de dez ou onze itinerários formativos para que os estudantes possam escolher permanece no terreno das intenções, como era de se esperar. A falta de professores de determinadas áreas do conhecimento é “resolvida” pelo não oferecimento do respectivo itinerário formativo. Ou seja: a escolha, pelos alunos, dos itinerários que mais lhes interessem, não tem sido mais do que ilusão. A “reforma” trouxe mais desorganização às escolas e esvaziamento da formação dos estudantes, piorando uma situação anterior que já não era boa. A revogação da “reforma”, portanto, não pode significar um retorno puro e simples à já inadequada estrutura anterior. É preciso reorganizar as redes de ensino e os currículos para que se possa avançar rumo ao que determina a Constituição Federal: educação pública e de qualidade para todos, “visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. A construção de um Ensino Médio que caminhe nessa direção, porém, irá requerer que sejam ouvidos os professores que estão nas salas de aula, representantes do movimento estudantil e educadores, mais do que economistas e administradores neoliberais “especialistas em educação”.
Exemplos de como o ensino de química pode contribuir para a formação cidadã não faltam neste número de Química Nova na Escola. Em vários artigos se vê como a contextualização do conhecimento químico promove sua aproximação com a realidade dos estudantes. Fundamentadas em referenciais cognitivistas e humanistas, a contextualização e a interdisciplinaridade são tendências crescentes no ensino de Química, como mostra o artigo “Teorias de aprendizagem no ensino de Química: uma revisão de literatura a partir de artigos da revista Química Nova na Escola”. Outro artigo exemplifica como a contextualização pode ser feita em variadas situações: no caso em questão, a realidade de comunidades rurais é relacionada a conteúdos químicos, como se descreve em “Relato de uma experiência pedagógica no ensino de Química: estudo das propriedades dos agrotóxicos utilizados em uma comunidade rural”. Para que o professor se aproprie desse tipo de abordagem, que favorece o pensamento crítico e a participação coletiva dos alunos, existem instrumentos como o que é descrito no artigo “O Arco de Maguerez como oportunidade para a aprendizagem problematizadora e ativa no ensino de Química”. A contextualização não precisa ficar restrita a questões locais: problemas como o aquecimento global e os desafios científicos e tecnológicos para sua mitigação podem também ser levados para a sala de aula. Para esse fim, o artigo “Redução Eletroquímica de CO2: refazendo nossas pegadas de carbono” fornece subsídios úteis para educadores e estudantes. A escolha por um ou outro tema depende, é claro, da realidade da escola. Nesse sentido, é importante considerar recursos que estejam disponíveis na região. Por exemplo, o ensino experimental dos conceitos de ácido e base pode ser facilitado recorrendo-se à vegetação local, como nos mostram os autores de “Produção de indicadores ácido-base naturais em solução e em papel a partir de extratos de plantas com potencial aplicação no ensino de Química”. Além disso, a formação cidadã inclui discutir as relações entre Química e sociedade – como, por exemplo, as questões de gênero associadas ao fazer científico e tecnológico. A esse respeito, o artigo “Julia Hall e o desenvolvimento do processo Hall-Héroult: o Efeito Matilda na história da indústria química” oferece interessantes possibilidades de discussão. Para atingir os objetivos que estamos delineando aqui, cabe ao professor refletir não apenas sobre os conteúdos, mas também sobre as interações que ocorrem em sala de aula, como demonstra o artigo “Interações discursivas em situações de ensino de Química: em busca de oportunizar novos significados a quem apreende conceitos científicos”. A formação de professores que explorem novas formas de gerar essas interações e reflexões entre os estudantes tem nas tecnologias da informação e comunicação uma fonte de valiosos recursos, conforme se ilustra no artigo “Podcasts para o ensino de Química”.
Que a leitura deste número de QNEsc seja proveitosa a toda comunidade de educadores em Química!
Não foram poucos os Editoriais de cunho pessimista publicados nesta revista durante o período de vigência da administração federal encerrada em dezembro de 2022. Passar os olhos por alguns deles pode até despertar nos leitores lembranças da coleção de livros infanto-juvenis denominada Desventuras em série, de Lemony Snicket, que traz a narrativa da trágica infância dos irmãos Violet, Klaus e Sunny Baudelaire a partir do momento em que se tornam órfãos. De fato, somente situações nas quais momentos desventurosos se mostraram, recorrentemente, mais duradouros que os de tranquilidade, são capazes de justificar títulos como os que seguem: “Desmonte da Educação e da pesquisa no Brasil”; “Novas Diretrizes, velhos problemas”; “ENEM, a vítima da vez”; “Esperança, mesmo que em tempos difíceis”; “A pesquisa científica no Brasil agoniza”. Portanto, é com imensa satisfação e grande dose de alívio e esperança, que escrevemos este Editorial e o denominamos “Futuro promissor”.
Notícias relacionadas à preservação do meio ambiente, com a retomada da composição dos órgãos responsáveis pelo Fundo Amazônia e Fundo Clima, em oposição ao estrangulamento de órgãos ambientais, dentre outras ações, são auspiciosas e voltam a ocupar espaço na mídia. O abandono da postura omissa do governo federal frente à tragédia humanitária vivenciada na Terra Indígena Yanomami, por sua vez, ameniza a vergonha de toda uma nação, que tem se mostrado atônita e aturdida diante de imagens de crianças e idosos em situação de desnutrição e completo descaso. No Ministério da Educação, que recentemente sofreu com gestões curtas e polêmicas, registra-se a chegada ao comando do ex-governador do Ceará, Camilo Santana, estado onde o Programa de Alfabetização na Idade Certa (PAIC) tem rendido ótimos frutos. É de se destacar também a posse de Ricardo Galvão na presidência do CNPq, respeitado cientista que fora exonerado de maneira infame da diretoria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais em 2019, após denunciar os dados mentirosos que eram divulgados pelo governo na ocasião para acobertar o desmatamento na Amazônia. São ainda da mais extrema relevância as iniciativas contundentes tomadas no sentido de proteger as instituições republicanas, atacadas de forma ultrajante no dia 8 de janeiro do corrente ano, e conferem ao povo brasileiro esperanças em um futuro promissor.
Confiando na chegada de tempos melhores, Química Nova na Escola apresenta aos leitores mais uma edição. Neste número, ganham destaque experiências relacionadas ao período no qual as aulas presenciais foram suspensas a fim de prevenir a transmissão da covid-19. No que se refere ao Ensino Médio, o artigo “Projeto ‘Ciência e Pandemia’: análise de uma intervenção pedagógica para aumentar a participação dos alunos nas atividades remotas de ciências e matemática” relata uma atividade didática na qual foram estabelecidas associações entre tópicos que vinculam a ciência e a pandemia, tendo sido observada uma acentuação no engajamento dos alunos no ensino remoto. No Ensino Técnico, foi aplicado um projeto de ensino interdisciplinar, baseado na criação de um mangá, em disciplinas de química geral, química ambiental e biossegurança, no qual os alunos lidaram com temáticas como energia, meio ambiente, biossegurança, radiação, ética e inclusão no ambiente de trabalho, apresentado no artigo “O uso de mangás como recurso didático para o ensino de química”. No Ensino Superior, foram divulgadas duas ações em disciplinas oferecidas, respectivamente, em cursos de bacharelado e licenciatura em química: a primeira, descrita no artigo “Aplicação de ferramentas pedagógicas na disciplina de química orgânica I de forma remota”, enfatizou o oferecimento de monitorias e de solicitação de resolução de listas de exercícios, além da construção de mapas conceituais e da leitura de textos de divulgação científica; a segunda, relatada no texto “Explorando o pensamento químico de licenciandos em aulas experimentais remotas”, dedicou especial atenção à viabilização de aulas experimentais remotas, com abordagem investigativa, priorizando o uso do pensamento químico por parte dos alunos.
Nesta edição também estão presentes assuntos que, com assiduidade, estampam as páginas de Química Nova na Escola, como as atividades lúdicas e as experimentais. No artigo “Trilha do Metano: uma proposta de jogo didático sobre saneamento básico e aproveitamento energético do esgoto sanitário para o ensino de química”, o jogo desenvolvido pelos autores é dividido em etapas, que incluem o esgoto sanitário, coleta e tratamento, rota metabólica e aproveitamento energético, e permite a abordagem de questões conceituais, socioambientais e culturais. No artigo “Ensino de eletroquímica no ensino médio por meio de uma atividade experimental com abordagem de equilíbrios simultâneos de oxirredução e de complexação” é apresentada ao leitor a montagem e utilização de um kit experimental sobre a temática em questão, tendo em vista o incremento do processo de ensino e aprendizagem.
Completam esta edição os artigos “A história do promécio e o conceito de descoberta científica” e “Análise e caracterização das provas da Olimpíada de Química do Rio Grande do Sul”. A descoberta do promécio, reconhecida apenas em 1947, dá margem para discussões envolvendo aspectos da história e filosofia das ciências, enquanto reflexões oriundas da pesquisa sobre as Olimpíada de Química do Rio Grande do Sul podem contribuir com o aperfeiçoamento de provas dessa natureza.
Desejamos a todos uma ótima leitura e fé no futuro, que seja, de fato, promissor!
O Ensino de Química no contexto de mudanças políticas, econômicas, sociais e ambientais
Esta edição especial de Química Nova na Escola reúne artigos selecionados dentre os trabalhos apresentados na XVIII edição do Encontro Centro-Oeste de Debates sobre o Ensino de Química (ECODEQ). O Encontro, promovido por educadores, alunos e colaboradores da Universidade Federal de Mato Grosso - Campus Universitário do Araguaia, ocorreu nos dias 08, 09 e 10 de setembro de 2021, em Barra do Garças, Mato Grosso, e foi realizado de forma 100% virtual devido à pandemia de covid-19.
O ECODEQ é um evento bienal, criado por educadores da área de Ensino de Química da região Centro-Oeste do Brasil (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal), que ocorre desde 1989. Seu objetivo é promover a interação e o diálogo entre professores e pesquisadores da Educação Básica e do Ensino Superior, estudantes de Pós-Graduação, estudantes de Graduação e estudantes do Ensino Médio, sobre diferentes temas relacionados com a área de Ensino de Química. O evento possibilita a divulgação de trabalhos de pesquisa, ações e construções em torno das conquistas, necessidades e perspectivas para a pesquisa e o ensino de Química na região Centro-Oeste.
Do total de 154 trabalhos submetidos ao XVIII ECODEQ, 147 foram aprovados e apresentados, distribuídos nas temáticas: Ensino e Aprendizagem; Formação de Professores; Materiais Didáticos; Linguagem e Cognição; Experimentação no Ensino; História, Filosofia e Sociologia da Ciência; Educação em Espaços Não-formais e Divulgação Científica; Tecnologias da Informação e Comunicação; Educação Ambiental; Abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade; Currículo e Avaliação; Diversidade e Inclusão; Cultura e Regionalidade do Centro-Oeste.
Embora os participantes estivessem fisicamente distantes uns dos outros, o XVIII ECODEQ reuniu virtualmente uma quantidade de pesquisadores muito maior do que em suas edições anteriores, não apenas do Centro-Oeste, mas de todo o Brasil. O distanciamento físico e a aproximação virtual se tornam um paradoxo para as relações humanas no meio acadêmico, com o qual somente as vivências no período pós-pandemia vão nos indicar como lidar.
Alguns dos trabalhos apresentados no ECODEQ foram selecionados e seus autores convidados a transformá-los em artigos, que passaram pelo processo habitual de análise por pares feito pela QNEsc. Os artigos assim reunidos nesta edição refletem um pouco da diversidade de temas e abordagens que estiveram presentes no evento. A investigação sobre livros didáticos e diferentes possibilidades de contextualização
de conceitos comparece no artigo “Análise sobre as formas de apresentação do conhecimento químico: o conceito de ligações químicas em livros didáticos”. O ensino de outro importante conceito, tomando como referência publicações em periódicos editados pela PubliSBQ, é objeto de estudo no artigo “O tema radioatividade nas revistas da SBQ e as possíveis contribuições para o ensino de radioatividade na educação básica”. Abordagens inovadoras para o ensino aparecem nesta edição sob diferentes pontos de vista. Uma perspectiva teórica para a análise de jogos desenvolvidos para contextos educacionais é oferecida pelos autores de “Análise de elementos corruptivos dos jogos educativos publicados na QNEsc (2012-2021) na perspectiva de Caillois”. A interdisciplinaridade em duas propostas de ensino exemplifica a importância dessa temática no cenário atual. Uma delas procura aproximar ciência e arte, como pode ser visto no artigo “Poemas no ensino de Química: traçando rumos para um ensino associativo entre Ciência e Arte”. Outra forma de arte – a música – está presente na segunda proposta, juntamente com aspectos de outras disciplinas em suas interfaces com o conhecimento químico, descrita no artigo “Disco de vinil como um tema de extensão universitária”. Também a inserção da Química no contexto de populações periféricas e historicamente oprimidas por preconceitos é uma temática cuja discussão é muito necessária na atualidade, e o artigo “A comunicação crítica e popular e a Química: potencializando a educação para as relações étnico-raciais” oferece uma contribuição para o debate. Tendo em vista ainda a relevância de abordar temas sociocientíficos para promover a aprendizagem da Química, um dos artigos desta edição analisa diferentes concepções de energia discutidas por estudantes, como o leitor pode conferir em “Uma sequência didática sobre o conceito de energia utilizando questões sociocientíficas a partir da Teoria dos Perfis Conceituais”.
Agradecemos aos participantes, organizadores e a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização do XVIII ECODEQ. O esforço de todas essas pessoas foi o que nos possibilitou oferecer ao nosso público leitor esta edição especial de QNEsc.
Boa leitura!
Graziele Borges de Oliveira Pena Coordenadora Geral do XVIII ECODEQ Paulo Alves Porto Salete Linhares Queiroz Editores de QNEsc
O que é a Química para nós? Da resposta que damos a essa pergunta depende o modo como a ensinamos. Em geral, começamos por apresentar a diversidade dos materiais a nossa volta, com suas diferentes propriedades: cores, dureza, maleabilidade, fluidez, volatilidade, combustibilidade, etc. Apresentamos também suas transformações: as mudanças de cor, odor, liberação de gás, de calor, etc., indiciam a formação de novas substâncias. Tudo isso está à vista de todos, e pode ser vivenciado no cotidiano. Mas, do ponto de vista da Química, não nos contentamos com isso. Queremos explicações para esses fenômenos. Já há bastante tempo que as explicações preferidas pelos químicos envolvem átomos, moléculas, íons – enfim, entidades que não podem ser vistas ou sentidas diretamente. Como explicamos a nossos alunos por que o óleo de cozinha não se mistura com a água? Dizer que não se misturam porque o óleo é insolúvel na água é apenas uma tautologia. Nossa explicação envolve modelos submicroscópicos de estruturas diferentes para as moléculas de água e de óleo, e de como elas interagem. Ensinamos, enfim, nossos estudantes a enxergarem além das aparências, a entender que o que se descortina a nossos olhos possui causas invisíveis e complexas.
Analogamente, todo cidadão deveria ser capaz de enxergar além das aparências, em busca das causas subjacentes aos fenômenos que passam diante de suas vistas. No cotidiano, em especial quando se aproximam as eleições, são repetidos à exaustão bordões como “todo político é igual”, “todos são ladrões”, ou “só querem o poder”. Fica-se assim na superfície e se deixa de considerar o que está subjacente. É necessário pensamento crítico para entender a quem interessa esse discurso da desmoralização da política, e também para entender que se encontram em jogo no momento dois projetos de país. Um deles, o de construção de um país soberano, que busca diminuir a sua imensa desigualdade social, colocando seu potencial em proveito da geração atual e das futuras. O outro projeto é o retorno à condição de colônia, em que nossas riquezas agrícolas e minerais são exploradas de maneira predatória, em proveito de muito poucos no presente imediato e sem preocupação com o que será das gerações futuras. Ironicamente, este segundo projeto encontra-se triunfante no ano em que se deveria comemorar os 200 anos de independência, daquilo que seria a superação da condição de colônia de exploração. Se observamos hoje a marcha da bárbarie (representada pela violência, intolerância a qualquer forma de diversidade e pela ignorância soberba) contra a civilização (representada pela democracia, pelo respeito à vida humana e pela valorização da educação e da ciência), devemos procurar entender quais são as causas subjacentes (não exatamente invisíveis, mas invisibilizadas) a essa realidade – o que não deixa de ser um esforço de reflexão crítica semelhante ao que fazemos na Química.
Fiel a sua missão de ajudar educadores e educandos a pensarem a Química e seu ensino para além das aparências, Química Nova na Escola apresenta mais um número a seus leitores. Complementando a edição anterior, apresentamos mais um artigo patrocinado pelo CFQ no âmbito do “Movimento Química Pós 2022 – Sustentabilidade e Soberania”, intitulado “As faces do plástico: uma proposta de aula sobre sustentabilidade”. É claro que as questões sobre ambiente e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável não podem ser apenas objeto de um número especial, mas uma temática permanente nas páginas de QNEsc. Assim, temos mais dois artigos que remetem a essa temática, a saber: “A Educação Ambiental no Ensino Médio: desafios e possibilidades a partir da elaboração de uma sequência didática com ênfase nas emissões de CO2 equivalente”, e “Plástico no Mar: Polímeros à Deriva!”. Ambos analisam intervenções didáticas com alunos do Ensino Médio de escolas públicas. Dois outros artigos tratam de aspectos da experimentação no ensino, com abordagens diferentes. Em “O estudo da teoria ácido-base de Lewis a partir de reações com substâncias fenólicas de plantas medicinais”, os autores propõem um experimento de simples execução, utilizando extratos vegetais. As autoras de “A saga do repolho roxo no ensino de Química”, por sua vez, fizeram um levantamento e análise de trabalhos publicados que utilizam o repolho roxo em contextos didáticos. Além dos conceitos de ácido-base que aparecem nesses dois artigos, outros conceitos também são abordados nesta edição. Um deles é o de estrutura espacial de moléculas, que foi alvo de uma intervenção didática descrita em “Estudo das funções da Química Orgânica com o uso do kit molecular de aprendizagem Atomlig”. A aprendizagem conceitual também é a preocupação dos autores do artigo “Sequência de ensino investigativa para o ensino do conceito de quantidade de substância (mol)”, no qual se apresenta uma proposta que envolve metacognição e trabalho experimental. O desenvolvimento do pensamento químico pode ser especialmente desafiador para alunos surdos, o que ressalta a importância da contribuição contida no artigo “A elaboração do conceito de transformação química em uma perspectiva bilíngue bimodal”. Além da aprendizagem de conceitos, outros objetivos para o ensino de Química merecem atenção no artigo “Uma discussão sobre a descoberta do tecnécio à luz de alguns aspectos da natureza da ciência”. O engajamento dos estudantes nas aulas de Química pode se beneficiar dessa e de outras abordagens que ampliam sua visão sobre a ciência, bem como do recurso a diferentes gêneros literários, como se pode ver em “Contos para o ensino de Química: uma abordagem investigativa”. Seguramente, a concepção de metodologias alternativas só é possível se os professores estiverem bem instrumentalizados – daí a importância de se refletir sobre a formação e a prática de professores, temática presente em dois artigos desta edição. Um deles mais uma vez destaca a relevância do programa de bolsas de iniciação à docência: “Evasão e permanência em um curso de Licenciatura em Química: o que o PIBID tem a oferecer?”. O outro artigo, intitulado “‘É, na aula de Química eu não vejo alguma possibilidade’: as vozes de docentes e discentes sobre a Educação Sexual no ensino de Química”, investiga possibilidades de inserção da Educação Sexual em aulas de Química, analisando os pontos de vista de professores e alunos do Ensino Médio sobre o assunto.
Desejamos que a leitura desta edição de QNEsc propicie aos leitores reflexões úteis para sua prática profissional e sua vivência cidadã.
Paulo A. Porto Salete L. Queiroz Editores de QNEsc
O escritório da QNEsc estará fechado de 21 de dezembro a 05 de janeiro Processo ininterrupto de envio de MS e recebimento de e-mail (a ser processado no retorno em 6 de janeiro de 2025)
Revista Química Nova na Escola
A Revista Química Nova na Escola (QNEsc), com uma periodicidade trimestral, propõe-se a subsidiar o trabalho, a formação e a atualização da comunidade do Ensino de Química brasileiro. QNEsc integra-se à linha editorial da Sociedade Brasileira de Química, que publica também a revista Química Nova, o Journal of the Brazillian Chemical Society e a Revista Virtual de Química - editorados pela PubliSBQ.
Química Nova na Escola é um espaço aberto ao educador, suscitando debates e reflexões sobre o ensino e a aprendizagem de química. Assim, contribui para a tarefa fundamental de formar verdadeiros cidadãos. Nesse sentido, a Divisão de Ensino disponibiliza neste portal, na íntegra, e de forma totalmente gratuita, todos os artigos publicados no formato PDF, além dos Cadernos Temáticos publicados desde 2001 pela Divisão de Ensino.
Accesso Aberto
Química Nova na Escola (QNEsc) é um periódico de acesso aberto completo. Todos os artigos publicados pela QNEsc são tornados acessíveis online livre e permanentemente logo após a publicação, sem taxas de assinatura ou barreiras de inscrição.
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Descontos são oferecidos a todos os autores correspondentes que são sócios efetivos ativos da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) por pelo menos 2 anos sucessivos. Descontos adicionais são oferecidos sempre que 2 ou 3 ou mais artigos dos autores correspondentes são aceitos para publicação em um dado ano em quaisquer das quatro revistas publicadas pela SBQ, em qualquer sequência (QNEsc, Journal of the Brazilian Chemical Society, Química Nova e Revista Virtual de Química). Os valores das TPs para todos os artigos aceitos estão indicados abaixo. Para mais detalhes sobre as ideias relacionadas a esses valores de TPs, vide este comunicado da SBQ.
Número de artigos aceitos em um dado ano*
TP para não sócios da SBQ, de instituições brasileiras (estrangeiras)
TP para sócios da SBQ por ≥2 anos, de instituições brasileiras (estrangeiras)
TP para sócios da SBQ por ≥5 anos, de instituições brasileiras (estrangeiras)
R$ / (US$)**
R$ / (US$)**
R$ / (US$)**
1
560,00 / (150.00)
448,00 / (120.00)
280,00 / (75.00)
2
504,00 / (135.00)
364,00 / (97.50)
196,00 / (52.50)
≥3
453,60 / (121.50)
280,00 / (75.00)
112,00 / (30.00)
* Aplicável às quatro revistas publicadas pela SBQ (vide acima), em qualquer sequência. Por exemplo, para sócios efetivos ativos da SBQ por ≥2 anos de instituições brasileiras, se três artigos seus são aceitos em um dado ano, o 1º deles pela QNEsc, o 2º deles pela Revista Virtual de Química e o 3º deles pela QNEsc, a TP para o 1º artigo é R$ 448,00, enquanto a TP para o 3º artigo é somente R$ 280,00.
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Indexações
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